Comparando 1988 com os dias atuais, o cientista político Fernando Luiz Abrucio acredita que no quesito cidadania a situação está melhor para o Brasil. "Hoje é possível perceber que a Constituição fez com que mais direitos fossem incorporados na vida cotidiana das pessoas. Uma boa parte do que está previsto vem sendo cumprido, e isso é muito importante. Ainda não vivemos em uma sociedade justa, mas sob o ponto de vista dos direitos, o Brasil é melhor hoje do que era há 20 anos."
Lúcia Stumpf, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), também reconhece que a Constituição de 1988 garantiu a liberdade democrática e, em decorrência, houve muitos avanços, principalmente na Educação pela luta estudantil, e acredita que ainda há muito a ser feito para aumentar a quantidade de jovens no Ensino Superior. Mas, quanto à participação política dos jovens, a estudante pensa de forma diferente.
Lúcia enfatiza que antes da Constituição de 1988, havia ainda uma repressão ditatorial muito grande, que gerava a necessidade de uma resistência bastante radicalizada pelos jovens, que optavam pela luta contra o regime ditatorial. “Depois da Constituição, houve uma retração do movimento social como um todo, mas ultimamente o interesse dos jovens vem crescendo bastante. O que existem hoje são novas formas de participação em lutas específicas (em defesa do meio ambiente ou dos direitos da mulher, por exemplo) e novos instrumentos que ajudam na mobilização da juventude. Com isso, há muito mais jovens que atuam como agentes políticos e que se sentem parte desse processo de transformação que tentamos implementar”.